Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) servem de alerta. Das 13 cidades que compõem a Região Metropolitana de 
Salvador, 8 registraram crescimento populacional em termos relativos muito 
superiores ao da capital baiana entre os censos de 2000 e 2010. 
Outros dados também mostram que a RMS ganhou novas proporções 
com mais emprego, melhor renda, frota de veículos quase três vez maior e 
expansão do processo industrial para novas cidades. Mas, sem planejamento, 
cidades vizinhas a Salvador importaram os problemas da capital baiana: trânsito, 
falta de qualificação profissional e elevado déficit habitacional. 
“A projeção desses índices mostra que há uma tendência de caos 
nos próximos anos porque as cidades menores, que crescem em um ritmo muito mais 
acelerado que Salvador, têm recebido parte dos imigrantes que antes escolhiam a 
capital como destino final. Se não houver investimento em infraestrutura e 
logística integrada entre os municípios, tudo ficará travado porque não teremos 
ruas e estacionamentos suficientes para as pessoas e os carros, além de todos os 
outros problemas decorrentes da conurbação urbana”, avalia Joílson Rodrigues de 
Souza, coordenador de disseminação de informações do IBGE. 
De acordo com Luiz Caetano, presidente da União dos Municípios 
da Bahia (UPB), a integração entre os municípios ainda está muito longe de 
acontecer, porque falta uma visão mais macro para os gestores. Na opinião de 
Caetano, que também é prefeito de Camaçari, a segunda cidade mais importante da 
Região Metropolitana de Salvador, dois dos principais problemas comuns aos 13 
municípios poderiam ser resolvidos com planejamento. 
“Todos os estudos apontam que a falta de mobilidade urbana e a 
ausência de mão de obra qualificada são os grandes entraves para o 
desenvolvimento da região. Mas não adianta, por exemplo, uma cidade ter um ótimo 
sistema de transporte e outra muitos cursos de qualificação. É preciso que haja 
uma interatividade entre os municípios para que todos se beneficiem dos projetos 
bons e compartilhem experiências positivas”, afirmou. 
Prefeitos
Professor da Faculdade de Arquitetura e 
Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gilberto Corso acredita que 
falta à RMS um órgão de planejamento e gestão para elaborar projetos comuns às 
cidades. “Hoje, sem gestão pública, muitos projetos concorrem entre si, o que é 
um absurdo”, disse Corso. “Os novos prefeitos têm legitimidade e deveriam 
reivindicar do governo a implantação do órgão de planejamento”, disse. 
Ex-presidente da Petrobras e secretário estadual do 
Planejamento, José Sérgio Gabrielli reconhece que é preciso agir rápido para 
dotar a Região Metropolitana de Salvador de mais infraestrutura nas áreas de 
mobilidade urbana, tratamento de lixo, saneamento e ocupação do uso do solo.
Temos dois tipos de problemas na Região Metropolitana de Salvador: a cidade 
grande (Salvador) que cresce mais e as cidades menores que crescem mais rápido. 
Então, é preciso planejar e pensar em longo prazo, porque muitos projetos 
implantados há algumas décadas não funcionam ou estão saturados e a demanda por 
serviços eficientes é cada vez maior”.